O evento ocorreu na Universidade Estadual de Maringá
Uma das formas mais legais e eficazes de aproximar as pessoas da ciência é por meio de eventos que promovam a divulgação científica. Esse é o caso do Paraná Faz Ciência, um dos maiores eventos do Estado e que permite que o cidadão comum tenha contato direto com o que está sendo desenvolvido dentro das universidades, nos laboratórios, nas salas de aula e entre os cientistas.
A edição de 2024 ocorreu na Universidade Estadual de Maringá (UEM), entre os dias 7 e 11 de outubro, com o tema “Cultura, Diversidade, Saberes, Inovação e Sustentabilidade”, promovendo a troca de conhecimentos e experiências que estimulam o desenvolvimento sustentável e valorizem tanto os saberes tradicionais quanto os contemporâneos. O evento foi realizado em parceria com a UEM, Fundação Araucária (FA) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).
Foram organizados debates, palestras, workshops, visitas técnicas, oficinas práticas, exposições de projetos científicos e apresentações culturais, atraindo quase 40 mil participantes durante a semana do evento.
E este foi o espaço perfeito para a realização da II Mostra dos NAPIs, que contou com a participação das três vertentes do NAPI Biodiversidade. O Arranjo apresentou algumas das pesquisas desenvolvidas por seus pesquisadores durante o último dia de evento, no estande da Fundação Araucária, para alunos de colégios, universitários, cientistas e curiosos por ciência.
Pesquisadores do NAPI Biodiversidade no Paraná Faz Ciência
Um dos pesquisadores vinculados ao Laboratório de Ecologia Evolutiva e Conservação (LEECon) e ao NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, Marcos Akira Umeno, realiza o monitoramento de mamíferos de médio e grande porte, em áreas de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração da Mata Atlântica do Norte do Paraná (PELD-MANP). A monitoração é realizada com câmeras trap, um tipo específico para capturas de animais no meio ambiente, que é um método não invasivo, ou seja, não agride o animal ou impacta negativamente no seu habitat.
“A gente tem o registro de fotos e vídeos dos animais, o que permite que a gente faça avaliações ecológicas, estudos de diversidade funcional, da riqueza do ambiente, de invasões do espaço por outras espécies, bem como da ocupação daquela área”, afirma o pesquisador.
Além disso, a pesquisadora do mesmo NAPI e do Laboratório de Genética e Ecologia Animal (LAGEA), Giovanna Cesar, trouxe para apresentar ao público as abelhas brasileiras que são pesquisadas no laboratório. Os insetos estavam expostos em uma caixa entomológica, que são utilizadas para armazenar esses animais com o fim de estudá-los, permitindo a visualização de diversos grupos de abelhas nativas.
Abelhas brasileiras em caixa entomológica
A pesquisadora contou, ainda, que os visitantes conseguiam observar as diferenças entre vespas, que também estavam expostas, e abelhas, bem como olhar estas últimas com mais detalhes por meio de uma lupa eletrônica, que aumentava a imagem do inseto, mostrando os detalhes da sua estrutura corporal.
O pesquisador Jonathan Rosa, também do Arranjo com foco em Serviços Ecossistêmicos, contou um pouco sobre os estudos desenvolvidos dentro do NAPI, no que diz respeito à qualidade da água de rios paranaenses. Ele expôs aos participantes do evento, materiais impressos em impressora 3D, que remetem a tipos de algas, para explicar aos visitantes que elas são grandes indicadoras da qualidade de água. Alguns grupos desses organismos podem indicar uma água limpa e saudável, como alguns grupos podem indicar que a água não se encontra na sua melhor qualidade.
Pesquisador Jonathan explicando as pesquisas desenvolvidas no NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos
Outra integrante do NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia, a doutora Lindamir Hernandez Pastorini, apresentou a diferença de mudas de jabuticaba, que são colocadas sob diferentes condições. Estavam expostas para o público quatro tipos: as sob controle — são irrigadas todos os dias —, as sob seca — que não recebem irrigação por 20 dias consecutivos —, as sob controle inoculado — que recebem irrigação e a inoculação de um fungo —, bem como as sob seca e inoculadas — que não recebem irrigação por 20 dias consecutivos, mas recebem a inoculação de um fungo.
O experimento mostra para a população, como um ambiente propício, ou seja, com chuva ou irrigação, colabora para o crescimento e desenvolvimento das plantas, bem como a tecnologia desenvolvida em laboratórios também podem auxiliar nessa jornada. O fungo usado na inoculação é o Trichoderma, que é aplicado no solo, junto às raízes das mudas, e tem se mostrado um incrível apoio no desempenho das plantas.
“Mesmo as plantas que estavam sob condições de seca, conseguiram se desenvolver por conta do auxílio do fungo. Assim, com os resultados positivos do experimento, podemos pensar em um uso promissor para plantas arbóreas, especialmente espécies nativas, para que elas consigam sobreviver sob condições de seca”, explica a pesquisadora.
Mudas de jabuticaba sob diferentes condições
Já os cientistas do NAPI Biodiversidade: RESTORE apresentaram diversas tecnologias desenvolvidas dentro do arranjo, como biomateriais — tubetes feitos a partir do bagaço da cana de açúcar, espumas e hidrogéis —, bem como bactérias isoladas de solos florestais, de acordo com o coordenador do NAPI Biodiversidade: RESTORE, doutor Halley Caixeta de Oliveira. Esses instrumentos são capazes de aumentar o crescimento, captação de carbono e resistência à seca de mudas de árvores e, com isso, aumentar o sucesso de programas de reflorestamento.
“Foi muito importante apresentar essas tecnologias que estão sendo desenvolvidas pelas universidades paranaenses para a população em geral e para os alunos das escolas. E esse é um dos objetivos do NAPI também: não só criar o conhecimento, mas divulgá-lo para diferentes setores da sociedade”, afirma o coordenador.
Tecnologias desenvolvidas pelo NAPI Biodiversidade: RESTORE e expostas ao público
A coordenadora do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, doutora Claudia Bonecker, afirma que o evento Paraná Faz Ciência é fundamental para transmitir para a população o trabalho feito pelos cientistas paranaenses. “A gente consegue mostrar o quanto nossas pesquisas são importantes para a melhoria da qualidade de vida, para o aumento da riqueza do Estado, bem como para o bem-estar, crescimento populacional, lazer e a economia. as pesquisas que desenvolvemos. Tudo isso sendo desenvolvido por pesquisadores que fazem parte das universidades estaduais e federais paranaenses”, afirma Bonecker.
E fique ligado! O próximo Paraná Faz Ciência já tem local definido para acontecer. Em 2025, nos encontraremos em Guarapuava, na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).