Hackathon Smart Agro 2025 premia pesquisadores do NAPI

As propostas conquistaram o 3º lugar nas categorias “Ensino Médio e Ensino Superior” e “Pós-Graduação”

Dois projetos elaborados com participação de pesquisadores do NAPI Biodiversidade chamaram a atenção e levaram prêmios no Hackathon Smart Agro 2025. A equipe composta pela farmacêutica e doutora em Biotecnologia, Beatriz Marjorie Marim, pelas mestrandas em Biotecnologia, Leticia Fernandes Gonçalves e Silvia Carmona Batista, bem como pela engenheira agrônoma e doutoranda em Biotecnologia, Nadia souza Jayme, apresentou o ReMush — “Re” vem de resíduo, e “Mush” de mushroom (cogumelo em inglês), que conquistou o 3º lugar na categoria Ensino Médio e Ensino Superior.

 

Já o 3º lugar na categoria Pós-Graduação ficou com o projeto “Materiais biodegradáveis para uso na agricultura”. A equipe é composta pela pós-doutoranda, Fabíola Carvalho, e pelos doutorandos do Departamento de Ciência de Alimentos, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Eduardo Lolato, Débora Pinhatari e Kawany Forato.

 

O evento ocorreu em Londrina, durante a ExpoLondrina 2025, com o objetivo de incentivar a criação de soluções tecnológicas que ajudam, de verdade, o agronegócio, buscando pesquisas acadêmicas de relevância e alto potencial para o mercado, seja no ramo do próprio agronegócio ou da biotecnologia, alimentos, transformação digital e áreas afins.

 

A integração entre estudantes e pesquisadores de Iniciação Científica Júnior, Iniciação Científica, Graduação, Mestrado e Doutorado, além de docentes ou servidores, é o grande diferencial dos projetos participantes da iniciativa, já que permite a união de diferentes saberes, experiências e pontos de vista. 

 

O objetivo do ReMush é transformar resíduos agroindustriais, como casca de aveia, bagaço de laranja e subprodutos da soja, em micomateriais biodegradáveis, utilizando o micélio de fungos, já que esses materiais atuam como retentores naturais de umidade no solo. Isto é responsável por uma boa eficiência hídrica, fortalecimento das raízes e redução da dependência de irrigação e insumos sintéticos.

Equipe ReMush apresentando o projeto durante o Hackathon Smart Agro 2025

A pesquisa científica base para o projeto é denominada “Desenvolvimento e Caracterização de Micomateriais Biodegradáveis a partir de Casca de Aveia e Bagaço de Laranja utilizando o fungo Panus strigellus. De acordo com Beatriz Marjorie Marim, a proposta de usar o micélio de fungos como base para um material biodegradável que retém água no solo veio do desejo comum de criar algo que realmente gerasse impacto — tanto ambiental quanto social — e ao mesmo tempo valorizasse recursos que normalmente seriam descartados.

 

“Para quem vem da pesquisa científica, como nós, o evento é uma oportunidade de tirar o projeto do papel e mostrar como ele pode gerar impacto no campo. É o tipo de ambiente onde a ciência encontra o mercado, onde ideias de laboratório viram soluções aplicáveis. Além disso, o Hackathon valoriza muito a inovação com propósito”, afirma a farmacêutica.

 

A pesquisa já resultou em um protótipo funcional em laboratório, testes promissores de intumescimento, solubilidade e biodegradação, além de uma validação científica do potencial do micélio de Panus strigellus.

 

“A conquista do 3º lugar no Hackathon foi o reconhecimento de um esforço conjunto, de muitas ideias trocadas e dedicação de todos os envolvidos. Mais do que o prêmio, a experiência nos mostrou que estamos no caminho certo — que é possível transformar conhecimento científico em soluções reais para os desafios do campo. Foi gratificante ver nosso projeto sendo valorizado em um ambiente de inovação, e saímos de lá ainda mais motivados com a nossa pesquisa”, comenta Beatriz.

Equipes reunidas durante o Hackathon Smart Agro 2025

Já o projeto da categoria da Pós-Graduação tem como base as pesquisas “Biocompósitos de Poli (ácido lático) e bagaço de mandioca produzidos por injeção termoplástica” e “Desenvolvimento e aplicação de materiais biodegradáveis na agricultura”, frutos do grupo de pesquisas POLIBIOMAT, da UEL, que é um dos pioneiros na pesquisa e desenvolvimento de materiais biodegradáveis direcionados à indústria alimentícia.

 

“O objetivo do projeto foi agregar valor aos resíduos gerados pela agroindústria regional e, ao mesmo tempo, desenvolver um material biodegradável capaz de se decompor no solo, contribuindo para a redução da poluição ambiental provocada pelos plásticos convencionais. O resultado foi um biomaterial produzido a partir de polímeros biodegradáveis e resíduos agroindustriais e micronutrientes, sendo moldado em formato de tubetes. Esse produto, além de se decompor naturalmente no solo, libera nutrientes que favorecem o crescimento das plantas após o plantio”, afirma Fabíola Carvalho. 

 

De acordo com a pós-doutoranda, a próxima etapa do projeto consiste nos testes dos tubetes em campo, analisando a adaptação do design dos recipientes para atender a diferentes demandas do setor agrícola e a produção em escala industrial, com foco na otimização dos parâmetros de processamento, já que os testes realizados em casa de vegetação apresentaram resultados promissores quanto à sua aplicabilidade e desempenho.

Equipe do projeto “Materiais biodegradáveis para uso na agricultura” recebendo prêmio no Hackathon Smart Agro 2025

E o Hackathon Smart Agro 2025 não é o primeiro prêmio da pesquisa. Em 2024, o projeto foi selecionado como um dos 10 finalistas do PRIME — Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado, promovido pela Fundação Araucária, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O prêmio identifica e apoia pesquisas paranaenses com potencial de mercado, estimulando sua transformação em produtos, serviços e novos negócios, com foco no avanço científico e no desenvolvimento socioeconômico do Estado do Paraná.

 

“Esse reconhecimento reforça a relevância do trabalho que estamos desenvolvendo na busca por soluções sustentáveis, voltadas à redução da poluição ambiental e à promoção de alternativas viáveis para a indústria, com foco na preservação dos recursos naturais e na inovação com responsabilidade socioambiental”, comenta Fabíola sobre as conquistas do projeto.

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