Alunos do ensino médio do Paraná visitam laboratórios da UEM

Os laboratórios de pesquisa em Botânica, da Universidade Estadual de Maringá, foram o foco da visita

O período do ensino médio é aquela longa época em que questionamos o que vamos fazer da nossa vida! Qual graduação cursar? Que área de atuação escolher? Onde trabalhar? Continuar morando no Brasil ou tentar um futuro em outro país? São tantos questionamentos que o máximo de ajuda possível para solucioná-los é sempre bem-vinda. Então, como auxiliar os alunos a pensar com clareza sobre seu futuro? Bom, os pesquisadores do NAPI Biodiversidade tiveram uma ideia e a executaram!

No dia 8 de maio, os alunos do Colégio Cívico Militar Vereador Luiz Zanchim de Sarandi, no noroeste do Paraná, realizaram uma visita e participaram de uma oficina, nos laboratórios de pesquisa em Botânica da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O encontro foi no Laboratório Didático de Fisiologia Vegetal, no Laboratório Histotécnica Vegetal e no Laboratório Fisiologia de Sementes e Plântulas. Ali, os estudantes puderam ter contato direto com a ciência desenvolvida dentro das universidades e entender que aquele pode ser o futuro deles.

Alunos do Colégio Cívico Militar Vereador Luiz Zanchim na Universidade Estadual de Maringá

Os 40 alunos compõem as turmas do curso técnico e do Novo Ensino Médio, que frequentam as disciplinas de Biotecnologia e de Biologia. Eles foram recebidos para participar de uma oficina voltada ao conhecimento científico e aos projetos associados aos NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia e NAPI Biodiversidade: RESTORE.

 

As atividades foram desenvolvidas tanto na escola quanto na UEM. Na sala de aula, foram feitas atividades práticas sobre o tema da alelopatia e sua aplicação. Tem uma matéria por aqui abordando o tema, “Artigo sobre alelopatia é publicado em revista científica“, por meio de um artigo desenvolvido pela coordenadora institucional na UEM, dos NAPIs Biodiversidade mencionados anteriormente, a professora Lindamir Hernandez Pastorini.

Realização de experimentos no Colégio Cívico Militar Vereador Luiz Zanchim

A atividade prática consistiu no preparo de extratos vegetais e seus efeitos sobre a germinação das sementes. “Os extratos são preparados a partir da escolha da espécie-doadora ou daquela que apresenta potencial alelopático devido a presença de compostos químicos secundários. Depois, separa-se da planta, por exemplo, as folhas totalmente expandidas. As folhas são pesadas e trituradas utilizando gral e pistilo e um pouco de água, daí o material é filtrado e adiciona-se água. A solução obtida é o extrato aquoso”, explica Pastorini.

 

O extrato aquoso apresenta efeito alelopático. Os alunos ficaram sabendo que essa substância pode causar desordens fisiológicas na planta-alvo, ou seja, na planta que é submetida a ele. De acordo com a professora, os efeitos alelopáticos mais comuns são a inibição da germinação, a necrose do ápice da raiz – que é a pontinha da raiz -, bem como a inibição do crescimento da raiz e do caule.

 

Oficina

 

Depois disso, os estudantes foram levados à UEM para visitar os laboratórios de pesquisa em botânica, onde conheceram as pesquisas e projetos desenvolvidos, bem como participaram de uma oficina. Esta consistiu na extração e separação de pigmentos fotossintéticos, análise morfológica e anatômica de estruturas celulares, bem como reprodutivas de angiospermas.

“Os pigmentos fotossintéticos são pigmentos encontrados nas plantas e que atuam no processo de fotossíntese, na fase fotoquímica. O principal pigmento fotossintético é a clorofila, que nas plantas vasculares são clorofila A e clorofila B. A clorofila é o pigmento que dá a cor verde às plantas. Outro pigmento que atua como pigmento acessório são os carotenoides, que auxiliam na absorção de luz para a fotossíntese”, explica Pastorini.

 

Segundo a professora, a extração e a separação de pigmentos fotossintéticos é realizada utilizando um solvente orgânico, como por exemplo, a acetona 80%. “Folhas são retiradas da planta, pesadas e trituradas utilizando gral e pistilo e acetona. O material é filtrado, obtendo-se uma solução com pigmentos e acetona”, detalha a coordenadora institucional do NAPI. 

Extração de pigmentos fotossintéticos em laboratório

Morfologia

 

Já sobre a análise morfológica das plantas,  durante a oficina foi explicado que ela é realizada por meio da verificação das características externas da planta,. São verificados o formato das folhas e a disposição delas no caule; o tipo de caule; características da raiz; se há presença de pelos, entre outros.

 

De acordo com a professora, para as estruturas reprodutivas, como das flores, verifica-se o número de pétalas, sépalas e de estames, bem como da posição do ovário da flor. Essa análise ocorre por meio da visualização dessas características, podendo-se utilizar uma lupa. 

 

“Para as características anatômicas, realiza-se o corte anatômico de folhas, do caule ou da raiz, verificando-se por exemplo, nas folhas os tecidos que participam da sua constituição, como a epiderme e o mesofilo. Na epiderme observamos o formato das células e dos estômatos, se há tricomas ou glândulas. Na análise anatômica verificamos as características das células que compõem os tecidos vegetais. Para a análise anatômica é necessário o uso de um microscópio”, explica Pastorini. 

Alunos do ensino médio em laboratório da Universidade Estadual de Maringá

A visita foi coordenada pela bolsista BTII Caroline Barbeiro, vinculado ao projeto NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com pós-graduandos em Biologia Comparada, Anderson Ferreira dos Santos, Tatiane Martins da Silva, Renata Gomes de Oliveira Guerreiro e Thaisa Mara Martarelli. Além disso, contou com a graduanda em Ciências Biológicas, Kamilly Eduarda Lima.

 

“A importância da troca de experiência entre a comunidade científica e a comunidade escolar auxilia na divulgação dos conhecimentos e trabalhos de pesquisa realizados pela Universidade, e propicia que os alunos compreendam como o método científico é realizado nos laboratórios de pesquisa”, afirma Pastorini. 

 

Segundo Caroline Barbeiro, a disciplina Biotecnologia do Novo Ensino Médio traz como objetivo o desenvolvimento do método científico e a aplicação prática da Biotecnologia verde, o que está associado ao Projeto NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia. Além disso, o projeto NAPI, que contempla pesquisa e extensão, procura desenvolver tecnologias para a preservação ambiental e descoberta de novos métodos e moléculas com aplicação na saúde e agricultura. 

 

Apresentar, desde cedo, as possibilidades de atuação na ciência é o que faz com que ela avance cada vez mais e continue recebendo novas pessoas, ideias e possibilidades. Afinal, a ciência deve ser acessível dentro dos laboratórios, como também fora deles. 

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