Pesquisador participa do Simpósio Paranaense de Meliponicultura

O evento ocorreu na Universidade Estadual do Centro Oeste, em Guarapuava, no Paraná

Você sabia que nem todo o processo de cultura e criação de abelhas é chamado de apicultura? Pois é, essa prática contempla apenas a criação de abelhas exóticas, conhecidas como “Apis”. Quando o trabalho envolve a criação de abelhas nativas sem ferrão, por exemplo, denominamos meliponicultura. 

 

Essa é uma prática tão importante quanto aquela popularmente conhecida, tendo sido o foco do XVII Simpósio Paranaense de Meliponicultura, que ocorreu em outubro de 2023, na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava, no Paraná. O pesquisador do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos e mestrando em Biologia Evolutiva, Douglas Rocha, participou do evento apresentando um banner e realizando a exposição de abelhas e vespas solitárias. 

 

O Simpósio, anualmente, tem como objetivo promover o encontro de meliponicultores, técnicos, pesquisadores e interessados na cultura, do Estado do Paraná e entorno. A ideia é possibilitar um espaço com troca de experiências, conhecimentos, bem como de expansão dos saberes referentes a área da meliponicultura e das abelhas nativas sem ferrão. Ele é realizado pela Câmara Técnica Setorial de Meliponicultura (CTM/PR), do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (CEDRAF), vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná.

Abelhas sem ferrão em colméias para Meliponicultura

Douglas conta que realizou uma apresentação oral de seu banner, fruto da dissertação de mestrado, com o título “A estrutura da paisagem tem influência sobre a morfologia das asas de Centris tarsata (Hymenoptera:apidae)?”. O mestrando escolheu essa espécie de abelha devido a sua importância na polinização de espécies com interesse ecológico e econômico, dando destaque para uma fruta que é muito conhecida, a acerola.

 

De acordo com o pesquisador, o estudo partiu da hipótese de que diferentes tipos de paisagem, considerando cobertura florestal, conectividade, heterogeneidade e porcentagem de borda de floresta, podem influenciar diretamente no modo de vida das abelhas, especialmente no que diz respeito às suas estruturas corporais, como forma e tamanho das asas. Isso se dá, porque esses animais vão se adaptando às condições que lhes são apresentadas. 

Banner apresentado pelo mestrando Douglas Rocha

“O tamanho corporal, além do tamanho, forma e simetria das asas, pode influenciar na eficiência das abelhas em obter recursos para prover seus ninhos, impactando na sua área de forrageamento, ou seja, de busca e exploração de recursos alimentares, bem como na polinização”, afirma Rocha. O pesquisador explica, ainda, que, após o evento, necessitou alterar a espécie amostrada, uma vez que não foi possível coletar um número suficiente de indivíduos, o que impossibilitou as análises desejadas. Dessa forma, a pesquisa com ecologia de paisagens ainda está em andamento, mas avaliando a espécie de vespa Pachodinerus guadulpensis, que presta importante serviço ecossistêmico no controle de lagartas de borboletas e mariposas. 

 

Exposição

 

Além da apresentação oral, o mestrando também participou da “Exposição de Abelhas e Vespas Solitárias e Seus Serviços Ecossistêmicos”, promovido pelo Laboratório de Ecologia de Vespas e Abelhas (LABEVESP) da UNICENTRO. “Foram expostas abelhas do gênero Megachile, Augochloropsis, Augochlora, Xylocopa, Bombus, Euglossa e Centris e imagens de todas as plantas polinizadas por elas, com base em achados na literatura. Além disso, puderam ser vistas vespas do gênero Trypoxilon, Pachodynerus e Ancistrocerus, que capturam lagartas e aranhas, promovendo o controle biológico destes animais no ambiente”, comenta Rocha. 

 

Também foram expostos ninhos e estruturas para construção de ninhos para insetos solitários, com o objetivo de que os meliponicultores e apicultores, ao compreenderem melhor a importância desses animais, aprendessem a oferecer ambientes adequados para os mesmos.

Exposição promovida pelo LABEVESP

O propósito da exposição era, enfim, mostrar a importância ecológica e econômica que estes animais representam para a sociedade, principalmente na polinização de frutas comerciais. Os espécimes apresentados são de coleção entomológica, ou seja, uma coleção científica formada por insetos. Além disso, foi ofertado material de apoio aos meliponicultores, a fim de promover a conscientização da preservação do ambiente em que essas espécies vivem. 

 

O pesquisador Douglas afirma que a apresentação do material e dos resultados do trabalho à comunidade é fundamental para que os produtores de abelhas deem importância e valorizem espécies para além das abelhas sociais, que são aquelas que produzem mel.

 

“Ao fim do evento, diversos produtores demonstraram interesse em conhecer mais sobre estes animais e formas de preservar e oferecer recursos para criação de habitats para as espécies. Com base nos conhecimentos gerados no nosso trabalho, podemos definir futuramente as áreas de maior urgência de preservação e luta contra a degradação e homogeneização dos ambientes, condições que diminuem os recursos para sobrevivência destas espécies”, explica o mestrando em Biologia Evolutiva.

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