Ação faz parte da Meta 4, do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos
O NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, um dos Arranjos que compõem o NAPI Biodiversidade, possui diversas metas que envolvem a coleta de materiais para posterior análise. Uma delas, muito importante e que já está promovendo ações práticas, é a Meta 4 – Monitoramento da saúde de ambientes aquáticos continentais para a manutenção de estoques de biodiversidade e provisão de serviços ecossistêmicos. A partir dela, os pesquisadores estabeleceram pontos de coleta no Estado do Paraná para realizar a análise de amostras de água, podendo verificar a saúde dessa amostra e o que a está compondo, no que diz respeito a organismos, microrganismos ou mesmo poluentes.
Coleta de amostra de água no Ribeirão das Araras
A coordenadora da Meta 4, professora doutora Cláudia Bueno dos Reis Martinez, explica que o objetivo é diagnosticar e monitorar as condições de afluentes ou rios paranaenses por meio da análise da qualidade de água, da saúde da biota e dos estoques pesqueiros. Dessa forma, “será possível promover uma integração da saúde dos ecossistemas e da biodiversidade, com a saúde animal e vegetal e, por consequência, com a saúde humana. Pensando em um contexto de saúde único”, destaca Claudia.
Para isso, os pesquisadores mapeiam as regiões de água de maior vulnerabilidade para conseguir propor ações de restauração e recuperação, garantindo a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, os quais se encontram, cada vez mais, prejudicados pelas ações humanas.
No fim de 2023, foram realizadas as primeiras expedições para coleta referente a essa Meta, que ocorreram nos afluentes e no próprio Ribeirão das Araras, próximo ao Parque Estadual Mata São Francisco, nos municípios de Cornélio Procópio e Santa Mariana. Estes locais foram escolhidos para garantir coletas em diferentes pontos com interferências realizadas por ações humanas. Há amostras advindas de áreas agrícolas, próximas à captação de água da Sanepar, à estação de tratamento de água e um local dentro do Parque Estadual da Mata São Francisco.
De acordo com a coordenadora, além das coletas realizadas, também foram feitos testes com bivalves da espécie Anodontites trapesialis, os quais foram mantidos confinados em gaiolas durante sete dias para posterior análise. A partir das coletas e testes, algumas análises foram iniciadas.
“Nas amostras de água estão sendo verificadas a caracterização física e química, além da ocorrência de coliformes fecais e E. coli, bem como a identificação das algas presentes. Já nos peixes coletados estão sendo avaliados possíveis biomarcadores presentes.”, afirma Claudia. Os biomarcadores são as alterações biológicas que podem aparecer nesses animais, quando são expostos a efeitos tóxicos dos poluentes presentes na água.
Gaiolas utilizadas para testes com bivalves
Ainda de acordo com a professora, os resultados obtidos a partir das análises dessas coletas devem contribuir para o desenvolvimento de um banco de dados sobre a saúde dos ambientes aquáticos localizados em diferentes espaços do Paraná. Há materiais resultantes de áreas protegidas, áreas com interferência humana, bem como Unidades de Conservação (UC).
Esse levantamento será muito útil, por exemplo, para elaboração e atualização dos Planos de Manejo – documento técnico que, a partir dos objetivos definidos no ato de criação de uma UC, estabelece o zoneamento e as normas que norteiam o seu uso. Essas informações também podem subsidiar os gestores de bacias hidrográficas e usuários dos mananciais hídricos sobre a qualidade da água que são responsáveis.
As pesquisas com as amostras ainda não foram finalizadas e prometem resultados mais assertivos e conclusivos, no futuro. A coordenadora da Meta 4 explica que ainda serão definidas novas áreas para futuras coletas, bem como serão realizados trabalhos de campo e análises laboratoriais.