A divulgação ocorreu em uma conferência no Chile
Um dos Arranjos que compõem o grande NAPI Biodiversidade é o NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, que realiza estudos e pesquisas dentro desse importante recorte temático. Muitas pessoas, inclusive, não fazem ideia do que são os serviços ecossistêmicos, mesmo com eles presentes na nossa vida, diariamente. Se você é uma dessas pessoas, saiba que os pesquisadores estabeleceram esse termo para definir a utilização dos recursos naturais em nosso benefício.
Para melhor compreensão dessa área, foram criados subgrupos. Os alimentos, a água, os combustíveis, as fibras, os produtos bioquímicos e medicinais e, também, os recursos genéticos (seres vivos) são os serviços de provisão. A produção de oxigênio, a ciclagem de nutrientes e formação de solo, por exemplo, já são os serviços de suporte. O controle hídrico e a do clima, e a polinização são os serviços de regulação. E os valores estéticos, espirituais e religiosos, além da recreação e do ecoturismo são os serviços culturais.
Em resumo, os serviços ecossistêmicos têm um pouquinho de tudo aquilo que está presente ao nosso redor e, por isso, a quantidade de estudos dentro dessa temática é infinita. A partir dessa demanda, surgiu o Ecosystem Services Partnership (ESP), que promove a conexão de mais de 3 mil cientistas, os quais realizam pesquisas em mais de 40 grupos de trabalho, em todos os continentes, acerca do tema dos serviços ecossistêmicos.
Com tanto material sobre o assunto, o ESP iniciou a realização de conferências anuais para discutir sobre os serviços ecossistêmicos, em 2008. Já foram realizados eventos mundiais na Alemanha, Itália, Holanda, Estados Unidos da América, Indonésia, Costa Rica, África do Sul e China. Mas, há também os eventos regionais, como o da América Latina e Caribe, que teve a sua 4ª edição em novembro de 2023, em La Serena, no Chile.
Banner de divulgação da 4ª International Ecosystem Services Partnership Latin America and Caribbean Conference
A 4ª International Ecosystem Services Partnership Latin America and Caribbean Conference teve como tema “Compartilhando conhecimento sobre serviços ecossistêmicos e capital natural para construir um futuro sustentável”. E, claro, o NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos não ficou de fora do evento, que é referência no tema.
A pesquisadora Luana Meister, que atua na Meta 2 – Avaliação de serviços ecossistêmicos e políticas públicas ambientais no Paraná, do NAPI, foi a representante do Arranjo. Ela realizou uma apresentação oral, do trabalho de dissertação em andamento, intitulada: “Distribuição de Serviços Ecossistêmicos na Mata Atlântica Sul: um estudo de caso”. A participação aconteceu na sessão T2 – “Caminhos do nexo biodiversidade-água-alimentos-saúde-clima na América Latina”, liderado pela pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ana Paula Dias Turetta.
De acordo com Luana, a pesquisa está sendo desenvolvida no Laboratório de Ecologia Vegetal, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e aborda a provisão de serviços ecossistêmicos no Paraná, ou seja, a quantidade disponível desses recursos no Estado. A escolha da Mata Atlântica como foco se deu por conta de ser o bioma que mais está associado ao abastecimento de serviços ecossistêmicos no território paranaense. Essa floresta ocupa cerca de 2,5 milhões de hectares do Paraná, sendo o Estado brasileiro com maior remanescente, segundo a Agência Estadual de Notícias do Governo do Estado do Paraná.
Luana Meister realizando sua apresentação oral no evento
No entanto, Luana explica que a Mata Atlântica tem sido constantemente afetada pelos diversos ciclos socioeconômicos que ocorrem no território, o que tem ocasionado o comprometimento da habilidade desse bioma em prover esses recursos. “Assim, a pesquisa se baseia no levantamento de dados, principalmente de bancos de dados governamentais, para a espacialização e correlação dos serviços ecossistêmicos em cada município paranaense”, detalha a pesquisadora.
Até o momento, a pesquisa vem mostrando que existe uma tendência de segmentação na produção dos serviços ecossistêmicos, além de um aumento de trade-offs. Este termo define uma ação econômica, que obriga a uma escolha, uma vez que visa à resolução de um problema, mas acarreta em outro.
Na prática, no Paraná, o aumento da produção de um serviço está relacionado à redução do provisionamento de outro. Luana exemplifica que, em alguns municípios em que a produção de soja é alta, o estoque de carbono tende a ser baixo. “Além disso, identificamos que os serviços culturais e de biodiversidade ficam restritos a poucos municípios”, expõe a pesquisadora do NAPI.
Luana Meister realizando sua apresentação oral no evento
Todas essas conclusões e avanços proporcionados pelo estudo de Luana foram apresentados na conferência no Chile e, de acordo com ela, esse evento é um dos principais espaços para discussão do tema de serviços ecossistêmicos. É a oportunidade de destacar os pesquisadores da região, mostrar os seus avanços dentro da temática e, claro, trazer protagonismo para a América Latina e Caribe.
Segundo Luana, a pesquisa que ela desenvolve deve ser finalizada este ano e tem o objetivo de apresentar um panorama do passado e do presente da distribuição de serviços ecossistêmicos no Paraná. Ela ressalta, ainda, que esses dados podem ser aliados ao planejamento e gestão dos ecossistemas e da biodiversidade paranaense.