O Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade esteve presente durante o evento que aconteceu na cidade de Londrina.
O mês de novembro foi especial para os pesquisadores e cientistas paranaenses. Entre os dias 6 e 10, foi realizado o Paraná Faz Ciência (PrFC), na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em Londrina, no norte do Paraná. O evento é uma iniciativa do Governo do Estado para promover os avanços e estudos que são desenvolvidos nas universidades estaduais. A ideia é colocar em contato os pesquisadores dos projetos de todas as áreas de conhecimento e criar uma oportunidade para que a população em geral conheça, de perto, o que tem sido produzido no meio acadêmico e científico paranaense.
No estande da Fundação Araucária, os três arranjos que compõem o NAPI Biodiversidade foram apresentados à comunidade acadêmica e à externa. Quem passou por lá pode aprender curiosidades sobre as abelhas brasileiras, novas tecnologias utilizadas para o desenvolvimento de mudas de plantas, a importância da qualidade das águas dos nossos rios, bem como as diferenças existentes entre sapos, rãs e pererecas.
A pesquisadora Giovanna Gabriely Cesar, integrante do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, realiza estudos sobre abelhas brasileiras. Ela explica que existem mais de 20 mil espécies no mundo e cerca de 10% delas são nativas do Brasil.
No estande, ela apresentou uma dessas ‘abelhas brasileiras’, as Euglossini. Estas são polinizadoras das orquídeas e pouco conhecidas pelo público, possuindo uma estética diferente das tradicionais abelhas amarelas e pretas. Possuem coloração azulada e esverdeada. Para estudar esse grupo, suas peculiaridades e importância no cenário da polinização, a pesquisadora explica que eles produzem iscas para atrair as abelhas.
“Os machos têm a capacidade de pegar o perfume das orquídeas e armazenar em suas pernas, que possuem algo como se fosse um bolsinho. Eles conseguem armazenar diferentes perfumes, fazendo uma mistura, para utilizar para atrair as fêmeas. A partir desse comportamento, a gente cria iscas para atrair as abelhas e coletá-las para realizar estudos e entender mais sobre a espécie. A isca é feita utilizando bolinhas de algodão que são molhadas com essências de flores”, afirma Giovanna.
Já o pesquisador Leonardo Fernandes Tavares, do NAPI Biodiversidade: RESTORE, expôs alguns novos métodos, desenvolvidos dentro do Arranjo, para realizar com sucesso o reflorestamento de áreas desmatadas. “Existe uma necessidade de produção de mudas de diversas espécies arbóreas para programas de reflorestamento. Uma das maiores dificuldades nesse meio é a mortalidade das plantas utilizadas, já que esses ambientes já foram degradados pelo desmatamento, ou seja, os solos estão pobres em nutrientes ou secos, dificultando o desenvolvimento da muda”, afirma Tavares.
O integrante do NAPI RESTORE explica que os pesquisadores estudam formas de encontrar na própria natureza meios de potencializar a sobrevivência dessas mudas em ambientes já degradados. Em laboratório, eles fazem o uso de, por exemplo, bactérias e fungos, que já são encontrados no meio ambiente, para auxiliar no fortalecimento e crescimento do vegetal. Os microrganismos aplicados nas mudas são capazes de disponibilizar nutrientes ou mesmo aumentar a absorção de água, fazendo com que elas prosperem em ambientes considerados menos propícios.
Por meio do uso de um aquário e de peças impressas em impressoras 3D, o pesquisador Jonathan da Rosa expôs os estudos realizados acerca da qualidade da água dos rios paranaenses, uma ação do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos. Rosa explicou que existem organismos extremamente pequenos, que não são possíveis de serem vistos a olho nu, mas que são fundamentais para indicar a qualidade da água, como alguns tipos de algas e os zooplânctons.
“Esses organismos são importantes bioindicadores. Em um ambiente preservado, é encontrado um grande número de espécies. Se esse ambiente está sendo impactado por lixo ou despejo de esgoto, por exemplo, existe uma redução desses oganismos”, afirma o pesquisador. Ou seja, quanto menor a variedade dos microrganismos, pior a qualidade da água do rio que está sendo avaliado.
O professor Rodrigo Lingnau, também do NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, explicou para os interessados que passavam pelo estande as diferenças entre sapos, rãs e pererecas. De acordo com ele, os sapos são conhecidos por terem uma pele mais áspera e possuírem um par de glândulas na cabeça, além de se deslocarem no ambiente, frequentemente, pelo chão. Já as rãs têm a pele muito escorregadia e lisa, dedos longos e finos com discos adesivos nas pontas deles, que as auxiliam a ficar empoleiradas em árvores.
Lingnau levou ao PrFC vários exemplares de anfíbios, preservados em formol, para que as pessoas pudessem tocar e manusear os animais. Uma forma de aproximar mais as pessoas dessas espécies e tirar a visão negativa que se tem delas. “Não é necessário ter medo de sapos, rãs e pererecas, elas não vão lhe fazer mal, como é normalmente divulgado por aí”, afirma o professor.
Semana dos NAPIs
Enquanto isso, na II Semana Geral dos NAPIs, organizada pela Fundação Araucária, os três Arranjos do tema biodiversidade foram apresentados Os participantes puderam conhecer como surgiram, os resultados esperados ou obtidos, bem como os objetivos, metas e financiamento.
O NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia foi apresentado pela professora doutora Jesiane Stefania da Silva Batista, que é uma das coordenadoras institucionais. Já as informações sobre o NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos foram divulgadas bióloga, a doutora Claudia Costa Bonecker, coordenadora geral do Arranjo. Por fim, o NAPI Biodiversidade: RESTORE foi apresentado pelo coordenador geral, o professor doutor Halley Caixeta de Oliveira.
O professor afirmou que as apresentações foram super positivas, com as salas cheias e uma ótima audiência, inclusive, contando com a presença de importantes stakeholders de cada um dos NAPIs. “Com o RESTORE, por exemplo, que já está atuando há mais tempo que os demais, foi possível apresentar diversos resultados parciais, além das diferentes metas e o que foi alcançado em cada uma. No caso do Recursos Genéticos e Biotecnologia e do Serviços Ecossistêmicos, que se iniciaram esse ano, foi possível apresentá-los para as pessoas e mostrar quais as expectativas com ambos”, afirmou Oliveira.
É possível assistir cada uma das apresentações on-line:
Ainda de acordo com o professor Halley, todas as ações do PrFC, não só o encontro dos NAPIs, foram essenciais para que a ciência produzida no Paraná fosse conhecida por um público mais amplo, ganhando visibilidade. Durante os cinco dias do evento, o público geral, incluindo alunos das escolas da região, conheceram mais a fundo as temáticas trabalhadas pelos NAPIs e puderam se conectar com a sua importância.
Para o ano que vem, o Paraná Faz Ciência vai ser realizado na Universidade Estadual de Maringá, em Maringá, noroeste paranaense. Os participantes poderão ver, de pertinho, mais uma vez, os novos avanços do NAPI Biodiversidade e os resultados gerados em mais um ano de projeto.